Texto da nossa guia Helga
A exposição " Topografia do Terror" (Topographie des Terrors) é um dos muitos lugares de memória onde várias camadas históricas dialogam entre si.
Ali encontravam-se, de 1933 a 1945, as centrais dos mais temidos órgãos da repressão nacionalsocialista: Em primeiro lugar, ali ficava a central do poderoso grupo paramilitar do partido nacionalsocialista SS (Esquadrão de Proteção, "Schutzstaffel"), dirigido por Heinrich Himmler, o responsável pela implementação do sistema de campos de concentração; ao mesmo tempo, encontrava-se ali a central da Polícia Secreta do Estado "Gestapo" ("Geheime Staatspolizei") com a sua prisão especial, e, também, o serviço de segurança do partido nazi ("NSDAP"), chamado SD ("Sicherheitsdienst"), ambos coordenados por Reinhard Heydrich; e, finalmente, durante a Segunda Guerra Mundial, instalou-se ali o Reichssicherheitshauptamt (RSHA, "Escritório Central de Segurança do Reich"), o mais radical dos órgãos de repressão nazista, cuja função era o planejamento e a organização do genocídio judeu, isto é, o assassinato de seis milhões de pessoas judias em toda Europa (Adolf Eichmann começou no SD, para logo passar para o RSHA). Aqui, num só quarteirão, puxavam-se os fios que moviam os órgãos de repressão, dentro da Alemanha, e nos países ocupados. Aqui organizou-se o terror levado a todo o continente.
Naquela época, o endereço era a Prinz-Albrecht-Straße. Ser levado à rua Prinz-Albrecht-Straße era sinônimo de interrogatório forçado. Presos políticos eram levados para cá primeiro, passando por interrogatórios sob tortura, antes de serem levado a outras penitenciarias ou Campos de Concentração.
Quando, nos anos de 1970, várias ONGs da antiga Berlim Ocidental começaram a investigar o terreno baldio que então marcava o lugar, foram justamente resquícios das celas da prisão situada nos porões da Sede central da Gestapo que chegaram à luz do dia. Hoje servem como pano de fundo para uma exposição ao ar livre sobre o mecanismo do terror nazista. Está organizada em cinco capítulos: A Berlim da Républica de Weimar (I), A instalação da ditadura do Führer em Berlim (II), Berlim e a "Comunidade do povo" ("Volksgemeinschaft") (III), Berlim na guerra 1939–1945 (IV) e Berlin e as conseqüências do regime nacionalsocialista (V).
No centro do areal encontra-se o Centro de Documentação Topografía do Terror. Este pavilhão oferece exposições temporárias, salas de conferências, e uma biblioteca especializada, aberta a pesquisadores e interessados. O pavilhão e o display no areal foram concebidos pela arquiteta Ursula Wilms e o paisagista Heinz W. Hallmann.
Dando um giro pelo terreno, o visitante encontra 15 pontos de informação onde fotos, documentos e gráficos dão plasticidade à história do lugar. A exposição é bilíngüe (alemão e inglês).
Beirando a Topografia do Terror, encontra-se um dos poucos trechos do Muro de Berlim (1961 a 1989) ainda existentes. Marcado pelo esforço dos Pica-paus-do-muro ("Mauerspechte") de levar uma lembrancinha antes de que acabe, ele hoje está protegido por uma cerca.
A presença das duas camadas históricas, por um lado, a Alemanha nazista e, por outro, a Alemanha dividida do pós-guerra, representada pelos restos do Muro de Berlim, visualiza a ligação intrínseca destes dois períodos da história alemã.
A Topografia do Terror fica pertinho da Praça Potsdamer Platz, ao lado do museu Martin-Gropius-Bau. A exposição fica aberta ao público todos os dias.
Entrada gratuita.
Niederkirchnerstrasse 8, 10963 Berlin
Todos os dias 10:00–20:00h,
Tel: 030 2545090